Frag-men-ta-da
Rasgo-me e remendo-me
Como uma costureira em uma produção sem fim.
Do caos me constitui
E ao caos não voltarei.
Porque no caminho eu encontrei a mim.
E o eu de mim se satisfez.
Em fragmentos, vozes trazem lamentos e pensamentos.
Que borbulham a minha face desconhecida.
Com a dureza de ser e se fazer verdades.
Recolho meus retalhos
E volto a remendar-me e remendar-me.
No vai e vem das agulhas,
No vento que sôa moribundo.
Na luz que brilha incandescente.
Eu, sentada na minha própria loucura?
Ou embreagada na minha lucidez?
Sentada de cabeça baixa.
Num trem.
E um universo incontinente, latente
Me faz estranhamente impotente.
Os ollhos percebem cada movimento de leve.
Cada flexe de luz.
Imóvel e adormicida está minha face escondida.
No fundo sinto
Eu deveria me incomodar com cada olhar.
Mas abraço as pernas.
E vivo a contemplação
De estar só.
Porque sei;
O que procuro exala de mim.
E num movimento de quem faz e se desfaz.
Sigo buscando a minha versão não refletida.
O que procuro tem nome.
Mas não tem face, não tem cheiro.
Não tem base.