Frag-men-ta-da

Rasgo-me e remendo-me

Como uma costureira em uma produção sem fim.

Do caos me constitui

E ao caos não voltarei.

Porque no caminho eu encontrei a mim.

E o eu de mim se satisfez.

Em fragmentos, vozes trazem lamentos e pensamentos.

Que borbulham a minha face desconhecida.

Com a dureza de ser e se fazer verdades.

Recolho meus retalhos

E volto a remendar-me e remendar-me.

No vai e vem das agulhas,

No vento que sôa moribundo.

Na luz que brilha incandescente.

Eu, sentada na minha própria loucura?

Ou embreagada na minha lucidez?

Sentada de cabeça baixa.

Num trem.

E um universo incontinente, latente

Me faz estranhamente impotente.

Os ollhos percebem cada movimento de leve.

Cada flexe de luz.

Imóvel e adormicida está minha face escondida.

No fundo sinto

Eu deveria me incomodar com cada olhar.

Mas abraço as pernas.

E vivo a contemplação

De estar só.

Porque sei;

O que procuro exala de mim.

E num movimento de quem faz e se desfaz.

Sigo buscando a minha versão não refletida.

O que procuro tem nome.

Mas não tem face, não tem cheiro.

Não tem base.

Driely xavier
Enviado por Driely xavier em 18/12/2021
Código do texto: T7410047
Classificação de conteúdo: seguro