À flor da pele

Faz escuro, sinto frio.

Tenho certeza nas dúvidas, duvido das certezas.

Hecatombe mundial: não deu nos jornais nem na TV.

Temo o desencanto, o desengano, o torpor.

O mundo está pincelado em branco, preto e cinza.

Tenho dor de cabeça, dor abstrata, mais real que cólica renal.

Não consigo meditar: me distraio. Na distração, me concentro.

Dói, de um jeito impossível de definir.

Não é solidão, não tem nome.

Não é dor de amor, amor não dói.

Dor na alma, dói meu corpo, dor de desamor.

Dor que trespassa a esperança: dói o sonho mal vivido.

E essa dor que não passa com aspirina: quando é que vai passar?

Maria Paula Alvim
Enviado por Maria Paula Alvim em 18/11/2007
Reeditado em 18/11/2007
Código do texto: T741683
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