Borboletas sem asas
Era uma vez uma borboleta que rompeu o seu casulo, mas quando veio à luz não tinha asas para voar. Olhou para trás, porém o casulo já se fechara e não havia como voltar. Pensou estar sozinha naquela estrada desconhecida e relutou em dar o primeiro passo. Foi quando duas asas vieram lhe abraçar. Cessou o choro, estendeu a mão e, mesmo insegura, começou a caminhar. Não vieram as asas, mas as pernas ficaram fortes, as mãos ficaram firmes e assim, de pés no chão, começou a voar. Conheceu o céu de brigadeiro e também o de tempestade. Sorriu muitas vezes na vida e em outras se pôs a chorar. Somos borboletas que rompem seus casulos e que no voo-caminhada que é viver, nem sempre haverá outras asas a nos acompanhar.
Cícero - 21-01-22