A Brisa, o Rio e as Estrelas

A Brisa passa por entre as folhas verdes,

levanta no ar centenas de outras folhas

que já tiveram uma vida

e deram lugar a outras.

E a Brisa traz um perfume tão suave,

que embriaga o peito

e traz tranqüilidade à alma.

Eu me arrependo de não ter

conhecido a Brisa antes,

de passar a desfrutar de seus encantos

tão tarde,

quando poderia tê-la sentido

suave e perfumada ao meu lado

a vida toda.

Mas, enfim, eu a conheço agora,

e a tenho ao meu dispor,

e farei da Brisa,

e de toda a conseqüência de sua existência,

um elo de paz e tranqüilidade

à minha volta...

Distraio minha atenção

para as águas mansas de um Rio,

Rio cheio de vida e de cores,

Rio que faz um ruído gostoso,

e que faz com que o nosso pensamento

vá longe... muito longe...

Ele traz muitos segredos em seu seio,

segredos que podem nos levar a descobrir

a razão de nossa própria vida,

ou de nosso destino:

basta saber entender a mensagem

que ele traz a cada um de nós,

quando reflete, em suas águas claras,

transparentes, a nossa própria imagem,

que é o nosso grande mistério.

Queria ter descoberto os segredos do Rio

há muito tempo,

mas, meu próprio interior me impedia

de tentar decifrá-lo e,

por conseguinte, descobrir meu próprio coração,

e aquela chama que me ardia

no fundo da alma triste.

Mas eu descobri o Rio e me redescobri,

e jamais esquecerei dos ensinamentos

que adquiri conhecendo

a mim mesmo.

E o Rio será uma constante em minha vida,

e minha alma e meus pensamentos

serão transparentes

aos meus semelhantes.

Olho para o céu, é noite alta já,

a Lua é cheia e está bem no centro

do firmamento.

Não há nuvens e todas as Estrelas

marcam sua presença,

em torno da mãe Lua.

Esta encanta a escuridão da Terra

com a luz que reflete, penetrante.

E abre muitos corações,

e faz rolar lágrimas

de amor, saudade...

E traz uma aura de cores infinitas,

qual um arco-íris, mas visível apenas

àqueles que tem olhos verdes,

e deveriam ver tudo verde,

a vida principalmente:

mas fecham seus olhos propositadamente

e deixam tudo tornar-se negro.

E as Estrelas se confundem na imensidão

desta abóbada encantada,

e encantam-se a si mesmas

da formosura que descrevem

e transmitem ao seu redor.

E duas Estrelas, bem próximas à Lua,

continuam a brilhar,

como se cada dia fosse igual ao outro.

Uma é maior e mais brilhante,

talvez porque tenha mais chances

de um dia ter tudo o que deseja.

A menor e mais fraca torna-se mais forte

de acordo com a intensidade da primeira.

Quanto mais forte for a luz da maior,

mais aumentará a luz da pequena.

E, quando a maior se tornar fraca,

por não sentir vontade de viver e lutar,

a menor também afrouxará sua luz,

de saber que a outra está triste.

As duas poderão vir um dia a brilharem fortes

e dominar o firmamento,

mas isto dependerá da estrela maior

descobrir duas coisas que

impedem sua felicidade:

— A Brisa e o Rio.

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