Areias do tempo

Areias, areias do tempo,

como saber que direção seguir?

Como poderei flutuar no céu azul,

arrastando o peso dos planos não cumpridos?

Areias da sapiência, por que não paro de fazer planos?

Por tudo o que sinto, pelo que vejo e respiro,

o instinto de autopreservação duela com o inexorável desejo de amar:

Duas óbvias necessidades em conflito.

Como conciliar essas forças?

Será esse equilíbrio impossível o segredo da felicidade?

Areias, areias do tempo, se nada aprendi, padecerei.

É certo.

Ora sou despedaçado pela indomável fera do desejo,

ora vegeto deprimido pelo isolamento -

carapaça de quem já teme o risco de viver.

Areias, areias do tempo que viram o êxodo,

as pirâmides, as guerras e a obra dos mestres;

Testemunhas da dor, da forja sangrenta que moldou o conhecimento de poucos,

fonte do saber que suplanta a razão pura,

registro etéreo de que o amor constrói,

Permitam que eu não precise reviver as dores dos primeiros hominídeos,

andando em círculos nos eternos vícios que nos corroem os valores.

Areias que tudo viram, que há bilhões de anos surgiram,

que nas enchentes, ventos e sismos vagaram,

que nos rios e mares deslizaram, que os desertos cáusticos abrigaram,

areias que a filosofia encerra, a geologia classifica e a poesia declama,

ensinem-me a ser leve e rígido, polido e cortante, suave e presente.

Que a minha vida, de tão grande importância aparente ao meu espelho,

agregue-se ao todo à minha partida,

e somente na potência do conjunto faça a diferença a quem buscar este conhecimento,

posto que nada sou além de mais um ínfimo grão de areia.

Weber Palmieri
Enviado por Weber Palmieri em 29/01/2022
Código do texto: T7440079
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