Judiaria.

Eis que, de supetão, chegou a hora do adeus,

Hora que uma aflição imensa se faz presente,

Nunca mais saborearei dos doces frutos teus,

Tampouco cultivarei plantas de tuas sementes,

Não nos protegerás nos nímios frios de agosto,

Não acolherás pardais e os sabiás barulhentos,

Pesaroso te admito o meu profundo desgosto,

Na ausência dos teus viçosos galhos folhentos,

Outrora para ti criei versos numa manhã fria,

E durante a tarde nos unimos em cumplicidade,

No sumo de teus pomos refresquei-me um dia,

Descansei na intelecção de tua grandiosidade,

Sem defesa fostes posta em sono profundo,

Caiu a tua exuberância com os anos erguida,

Fostes parte do imenso respirador do mundo,

Soberba, ritmavas a cadência no sopro da vida,

Não quis ficar para o adeus frio da despedida,

Guardando no pensamento os proveitos teus,

Com tuas sobras vão-se esperanças perdidas,

Um outro sonho entregue nas mãos de Deus!

*Homenagem a árvore com 43 anos, que foi derrubada*, (na contra mão de ser).

Amaro Larroza
Enviado por Amaro Larroza em 31/01/2022
Código do texto: T7442059
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