A mulher

Oh querida não vá, deixe-me e estará a se deixar, despedaça-me e estará a se despedaçar. Oh querida, não vá. Lembres dos nossos momentos, os nossos tão doces momentos, aqueles em que passávamos horas conversando sobre tudo, tudo aquilo que vinha a cabeça, sem pretensão de coisa alguma que não fosse falar; oh querida, não ouve esta voz da insegurança, tens em ti muito mais que medo e indecisão, tens em ti a coragem e a inteligência de Atena, a beleza e o amor de Afrodite, conjuntamente com a beleza de Andrômeda, mas seria eu alguma espécie de herói? Quem há de falar oh querida, se não tu, quem? Passos curtos, curtíssimos ao desespero de quem perde quase tudo, restando apenas uma pequenina esperança de retorno, seria porventura uma espécie de sonho, uma utopia a quem um dia foi real? Não querida, estás pois a se contradizer, não seria tu aquela doce donzela que um dia em braços meus estava? E porventura não seria tu aquela que um dia enxugou as minhas lágrimas, dia aquele em que tudo parecia perdido, pois vos digo, é sim, és tu... Seria tu menos real que o real de tudo isto, não saberia tu quem sou por completo, pode por algum instante mentir sobre tudo isso, chegar sequer um dia a acreditar? Dificilmente minha jasmim que se despedaça em pétalas por um medo invisível, disruptante, abrupto e menos real que isto. Não há nada que possa vim a fazer minha querida sem a tua reconfortante e aconchegante presença, não há nada que possa vim a fazer sem a tua luz, sem o teu aroma celestial, sem os teus olhos de cristal, sem a tua boca de pêssego e gim; não seria tu aquela que um dia chorei por inteiro, não seria tu aquela que me viu por inteiro e não fugiu, porque há de ir agora? Sejas tu o que sempre foi, porque és o que em mim está e sou, querida, o que em ti está e somos muito mais juntos que separados, querida, muito mais juntos que separados; fazes tu o que queres, mas fazes tu tudo o que queres e serás tudo o que não queres, pois o que queres não fazes, é, o que de tu é verdadeiramente acontece, assim como o pássaro tem asas para voar, tu tens amor para me dar, oh querida e como eu preciso do teu amor, sabes muito bem que necessito do teu digníssimo e nobre amor. Orquídeas, lótus e margaridas, cada uma delas com suas singularíssimas belezas, não chegam, oh querida, nem mesmo, perto da tua digníssima e estonteante beleza. Teu encanto é por essência, tua voz formosa por substância, assim como teu cabelo e pele, pulcro, tudo em ti é elegância. Sentindo a ti estou, dever-se-ia por um fim neste sentir se sinto que estou a ressurgir? Oh diva femina, és tu muito mais do que pensas e que seria eu sem tua presença? Pois vos digo, nada. Penso que não estou a te machucar, e se isto te causa lástima de antemão peço que me perdoe_, mesmo assim vos falo, que sem vossa permissão nem ao menos um dedo tocaria tua branda e egrégia pele, evoques pois em tua alma e corpo, não por mim, mas por ti, as sensações angelicais de óperas em espasmos e conotações e sejas em ti e por ti o que és para mim. Ah tão eminente mulher, se o consegue, que seja, mas se não, não mintas, ao menos para ti e lembre-se que pode vim a ser feliz.

Theo De Vries
Enviado por Theo De Vries em 04/02/2022
Reeditado em 26/02/2022
Código do texto: T7444989
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