No galpão

Em volta do fogo de chão, causos de visagens e assombração. Reviviam finados, que redivivos voltavam a assombrar a vida alheia, cobrar conta perdida, espalhar o veneno vertido em medo, no sangue do índio mais valente, fosse cristão, fosse descrente. As histórias se perpetuam pelo tempo e no coração desta gente que ainda sonha com os causos do galpão.

Um pecado secreto, uma traição, uma morte, ao sopro do vento norte ou aos uivos do minuano – cada vento com seus planos, a ganir entre as frestas histórias de outras eras. O maragato degolado a assombrar o sertão. O índio querendão, sem pátria, sem alistamento, sem fé, sem juramento, que escapuliu do caixão, e a cumprir sua missão, por castigo, por magia, assombra a freguesia, nos confins deste grotão.