Sou louco?

Tentei me distrair,

esquecer um pouco de mim:

Divagar!

Olhei o Sol, enorme e quente.

Poderia me distrair?

— Mas o Sol tornou-se Seus olhos.

E Seu olhar foi tão quente

quanto os raios solares, olhos

tão enormes e belos como o astro-rei:

Mais sensuais, porém, mais atraentes...

Quis fugir, Te enterrar,

novamente sufocar:

Apagar!

Fitei as ondas do Mar,

Enormes também, como o Sol.

Porém, mais cheias de vida:

Com graciosos requebros...

— Então o Mar escureceu.

E as ondas se viraram em

Seus lindos cabelos.

E Seus cabelos apagaram

a imagem das ondas,

pois são tão maravilhosos

como os mistérios do Mar.

Tão misteriosos como a maravilha

que é ser Você:

Como eu amo Seus cabelos,

perfumados e ondulantes, Amor?

Não posso mais olhar as ondas,

tento me esquivar:

Desvanecer!

Sinto a brisa suave que me toca,

e permaneço relaxado:

— Mas a brisa se torna morna.

E me lembra Tua respiração.

Mas, Tua respiração

é mais intensa do que a brisa:

Mais quente, mais suave, mais perfumada.

E aos poucos Seu coração se acelera,

e Sua respiração torna-se ofegante.

Você me enlouquece ao se aproximar...

Consigo correr,

quero matá-la, te apagar:

Esquecer!

A Noite vem acolhedora, macia:

Consigo confortar-me.

A Noite é tão bela, tão amiga, tão voluptuosa.

Voluptuosa como Tua boca,

que com sua maneira linda

de se expressar,

de sorrir,

de falar,

de zombar,

caçoar,

rir-se

de mim,

de todos...

Tua boca é tão acolhedora como a Noite,

tão macia,

tão confortável:

E ainda é amiga e meiga...

Quanto mais tento Te esquecer,

mais Tua imagem

me vem à cabeça.

Mais eu sinto que Te amo

e sofro, longe de Você.

Vou tentar fazer algo

antes que enlouqueça,

se já não enlouqueci:

Vou Te lembrar a toda hora,

a todo instante:

Pra tentar Te esquecer,

Te apagar,

Te destruir...

Sou louco?

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