Orvalho ao Sol

Na carona da brisa, me precipitei

Recém nascido do suor da Lua

Filho da noite, gota de orvalho que sou

Onde me escondi, foi na terra nua?

Confiante, achei que estaria seguro

Que de nada ou de alguém precisaria

Sozinho e feliz, sem nada querer

O que mais, nesta vida, haveria?

Mas veio o dia, e com ele você

E seus lábios quentes tocaram os meus

Arrancado do leito, embalado ao seu toque

Quem te enviou, teria sido Deus?

O tempo foi rápido, cresceu o amor

Por ti me apaixonei, e você me aqueceu

Em tua grandeza, estrela que sois

Aquilo, que em meu peito batia, era seu?

E me desfiz inteiro para te agradar

Aos céus subi, pois você me rogou

Ao teu embalo me desfiz, minh’alma doei

Minha deusa és, mas... sei quem sou?

E, por te servir, tu me esqueces

Refém agora sou, de tua vaidade

Nas nuvens solto me descontrolo

E me transformo... em tempestade?

À terra mãe nos arrojamos

Eu feito chuva, você em luz

(o dia acaba e você se esconde)

Até oculta, tu me seduz?

E tu te pões no horizonte a dormir

Escondida atrás do grandioso mar

E eu ao rio me incorporo triste

A vida inteira levo para em ti chegar!

[070401]