A Infância

 

Nas ruas da minha infância

De ladrilhos encantados,

Derrama de histórias e fantasia,

De sonhos em cor sonhados 

Cantava, crescia, sofria, sorria.

 

De pés descalços acordava

Os pirilambos e as pipas,

As saias rodadas e as fitas,

As bolas de gude e a vida.

A própria inocência.

 

Na rua de areia, árvores cheias,

Na casa de madeira fria, feia

Que era bonita como uma teia

Ali viviam os querubins,

 

Nasceu eles, meus irmãos,

Irmãos dados por Deus

Para contar histórias sem Zeus,

Para brincar de bolas e pneus

E ampliar os sonhos meus.

 

Quatro pimentinhas suaves,

Cabelos brancos de neves.

Cortaram a pátria em leques.

Unidos, charmosos e leves.

 

Nas derrocadas dos anos

Só o amor prevaleceu.

O tempo assim amorteceu

Enredos de toda uma vida

Em folhas escritas em hebreus.