Além das Montanhas

Além das Montanhas

Os acordes da sina

O ecoar dos tambores

O pontear das violas

A passarada em revoada

A essência apurada do amanhecer

A prosa na janela é o mundo

É a magia do alvorecer.

Além das montanhas

O silêncio dos vitrais

Os inquietos sinos das catedrais

A romaria e o cortejo

Os joelhos no chão e a fé

O sertão na quermesse

Nos lábios a prece

E o matuto agradece.

Além das Montanhas

Os ramos das benzedeiras

O chiado dos remos

O Velho Chico e as corredeiras

A bateia do garimpeiro

As marcas de sonhos negreiros

E lá as lavadeiras

Cantando o dia inteiro.

Além das Montanhas

A luta e a sina

Violões e guitarras

É um clube, a esquina.

A cantar das Cigarras

Serras azuis em caracol

O Congado e a procissão

Até o nascer do sol.

(Recitando: Mandruvachá)

Além das montanha

Tem café no bule

O quêjo no prato

Tem inxada cavucano a terra

O suore pro chão afora

Na panela o franguin cum quiabo

A prosa afiada do catrumano

As portêra rangeno pro dia incantado.

Além das montanha

O carro de boi no istradão

Os fruito do cerrado im abundança

Os sinale da hipucrisia nos canaviale

Os casarão das históra

Tem o grito pela liberdade

O vento ispaiano a isperança

Das currutela às cidade.

Além das montanha

O meu sertão imponente

E nóis fala é deferente

Pra dotôre e intelectuale

Nóis tem o campo cumo jornale

Iscrito cum as mão calejada

E o risumo da prantação

Chega à mesa sagrada.

Além das montanha

É ansim, seu Moço:

Cada tôpo pra nóis

É mutivo de disafio

Nóis sobe e desce as ladêra

E as montanha num caba

É purisso qué bão dimais da conta

Uai, sô! Nóis é rocêro e num cala.

(Canta: Zé Texêra)

Além das montanha

Tem a nossa cantoria

As viola enfeitiada

Com as fita das Folia

O Reisado pelas rua

E o Repente que irradia

Tem também os Três Reis

E a fé na estrela guia.

Além das montanha

O sabor minêro

Jardim das palavra

Distino istradêro

A lua imbriaga

Meu nobre terrêro

Estrelas vaga-lume

Deste cancioneiro.

Além das montanha

Meu grito ecoa

Sô passarin

Na imensidão

Minino travesso

Artêro e sonhadôre

Aqui é o meu belço

Cantin do amô.

Além das montanha

Tem o brio da ispora

E a força da cavargada

Caipira, Pira, Pora

Os Três caipiras de Minas...Uai!

E as vela nos castiçais

Levando a prosa e os causos

Que não esqueço jamais.

Ó Minas Gerais!

Mestre Tinga das Gerais
Enviado por Mestre Tinga das Gerais em 02/03/2022
Reeditado em 03/03/2022
Código do texto: T7463594
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