Epiderme

Do mármore de tua pele despontam os raios da vida,

caminhando à minha procura,

refletidos no tecido de uma lua virginal.

Dos teus olhos cativos nascem caminhos precisos,

que cortam as matas,

que riscam um mar dantesco no profundo dos meus sonhos.

Nos signos do teu toque, trazes a noite num véu,

caminhando nas costas vagas de uma terra adormecida,

disposta à erupção no tamborilar de teus dedos.

Na calma do teu beijo, encontro a virgindade nua dos meus dias pálidos.

Nos teus lábios molhados, permito-me afogar na doçura da saliva.

Sempre aguardando outro toque,

outra morte,

outra vida.

Sempre perseguindo o teu gosto no encontro de dois sóis,

duas luas,

e mais uma vez ser tragado pelo orvalho que cresce em tua língua.

A realidade despe-se,

arranja-se,

sem anunciar a chegada,

e aos poucos vai entrando sem bater à porta,

deixando no chão a roupa que molhava na tempestade das ruas.

Eduardo G Silva
Enviado por Eduardo G Silva em 02/03/2022
Código do texto: T7463615
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.