Outonal

O silêncio aturdia, em vão prescrutava

o que a pobre alma sentia...

Todo fim de tarde a cena se repetia

sua alma já não gritava, apenas se debatia...

Aceitava seu fim eminente

já não fugia da dor

seu sentir agora era dormente

Sentia um vento gélido, em sua carne que ainda pulsava, mostrando que a vida ainda se demorava a partir.

Sentia o ar de outono, penetrar-lhe a alma, gélido como adaga afiada, a beijar seu corpo, como o beijo da morte.

As folhas secas pelo chão, trazia certo alívio momentâneo,  mas logo persistia as indagações.

Não restara nada, não sentia mais nada,

Não reagia,  não protestava...

Aceitou sua sentença,  e esperou pelo doce e suave beijo da indesejada de todas as gentes, pois sua angústia era perene...

Ao redor a vida sorria em escárnio,

pela cruel e fatídica sorte, em resposta sorriu também, a morta viva ainda era forte, e ela arrastava-se nos próprios passos, cambaleantes pés descalços.

Não importava mais saber, o porquê da luz ter se ausentado,

E mesmo afogada em nesse mar de dor,  e agonizar em todo esse torpor, sua mísera vida ainda pulsava...

Não era seu viver um dia de sol,

Era uma tarde sombria de outono,

com folhas secas, massacradas pelo chão, mesmo sem cor, tinha seu tom de poesia...isso ela sentia.

Sua alma estava gelada,

... mas seu sangue ainda gritava.

Ela em meio ao caos, no caos fez sua morada.