Sorte ou Destino?

Vai que eu saia de casa em um dia chuvoso,

Atrasada para o trabalho sem sombrinha, meio nervosa,

Vai que eu ande correndo para não perder a condução

Enquanto você já está na fila de guarda-chuva aberto na mão,

Vai que eu perca o equilíbrio e caia bem na sua frente,

E você ofereça o seu braço e seu sobretudo quente.

Vai que você seja tudo o que eu precisava naquele momento,

O braço, o casaco, o abrigo, tudo para superar o contratempo?

Vai que você note que eu também poderia ser a resposta para algumas das suas indagações?

Vai que essa mulher atrapalhada possa ser uma luz dentro do túnel da solidão?

Vai que nesse instante os astros se encontrem na mais perfeita conjunção?

Vai que queiramos, ambos, nos conhecer melhor e a fagulha da atração ilumine toda a região?

Se é sorte ou destino, não hei de opinar, mas o acaso nos apronta coisas lindas de repente, sem avisar.

E eu, como não sou adivinha, procuro captar esses instantes ímpares aonde quer que eu vá, em todo lugar. É o bilhete premiado, que se não for obra do destino, é a maior sorte que há.