Reflexões

Então disse: - Olá!

Foi um segundo que representou um século, uma existência.

Um simples aperto de mãos transmitindo toda ansiedade...revolução do íntimo...

Não era o normal, não era o casual, impunha-se o especial.

Pulsavam as sensações no peito, debatiam-se os sentimentos em uma mistura heterogênea de inquietação e felicidade.

 

Então disse: - Te amo!

Foram palavras que saíram do coração e se transformaram em brados ressonantes, em hinos, em gritos suplicantes...

Poder de querer e sentir, domínio da alma, paz do refúgio, corrente de águas límpidas que renovava a existência.

O amor explodia, feria, rasgava, dilacerava e queria mais, muito mais...

 

Então disse: - Te quero!

Emoções incontroláveis que vibravam os pensamentos. Tormentos, desejos irrefreáveis e incompreensíveis.

Coisa de corpo, de pele, de estar, de sentir!

Desejos de posse, sonhos de ícaro, conquista do irreal, querer místico onde tudo é muito pouco...

 

Então disse: - Espere!

Torturas da vida, confusões de sentimentos, dificuldade em compreender.

O ontem se sobrepondo ao amanhã e sufocando o hoje! Lembranças incontidas, lágrimas da dor, morte das paixões...

O "Eu" avolumando no peito, dominando, queimando, reinando.

A dúvida de quem não soube, o caminho de quem nunca esteve...

 

Então disse: - Adeus!

Quase um sussurro, voz frágil e comprimida, tremor de mãos...

Sentido de vida que foge de si mesmo, esperança de acordar, anseios confusos de quem quase morre.

Encruzilhada criada pelo existir, pondo em prática o impraticável, determinando o indeterminável, solidificando o insolidificável...

Sentido de quem nunca foi...razão de quem nunca quis...