Garboso e sonâmbulo 

 

Dorme o tempo com um olho só,

Enquanto dorme sonâmbulo vara

Pelos campos, pelas encostas pó

Vai à varrer o mundo inteiro, o nó.

 

Vai o tempo senhor do nosso ser,

Do destino, parece não envelhecer.

Tem ciência e porquês a adicionar

Doces, doces e amargos no sonhar.

 

Quem acorda o tempo e anda fundo

Sendo ordeiro e não um moribundo

Escreve a própria história num todo

Garboso da sorte voa no rabo do foguete,

Os sonhos, nos rabos das pipas deste. 

 

Laços de fita coloridos enfeitam o bolo,

O dedo fura e o gosto é jogado a boca,

É o tempo mais que o vento na laica,

Na lança, na massa desse mesmo bolo.