Partida e a saudade

Em pé, no farol da praia, de cabelos ao vento e a sentir os salpicos da água do mar salgada no meu rosto, vejo o barco onde vais partir a afastar-se cada vez mais do cais… O meu braço não parava de acenar, meu coração não parava de bater, e dos meus olhos caíam-me lágrimas que na minha boca já saudosa de teus beijos ardentes, vinham morrer. Teu barco, cruza a linha do horizonte, e o teu acenar já há muito eu deixei de vislumbrar.

Deixei-te partir sem a novidade te contar, que em breve um presente de Deus irias receber, não seríamos dois mas sim três pois pai irias ser… Perdão meu amor, não te consegui dizer, quero pô-la em teus braços quando a nossa casa voltares…

Cada vez estás mais distante, pois distante é mesmo o termo correto. Já não te vislumbro, mas no meu coração continuarás a ter morada certa.

Olho o horizonte, e só vejo mar, o barco nem sombra dele. Esse maldito barco que de mim te levou, e a saudade já é tanta que aperta, e tudo em mim sufocou.

As minhas lágrimas continuam a cair, e os soluços de dor e de saudade tenho que engolir. Não quero sair daqui, não quero ir embora, não quero uma casa vazia encontrar. Não agora, nem amanhã. Agora, só quero deitar a dor e a saudade para fora, aliviar o sofrimento da tua partida, de te teres ido embora.

Porque tiveste que partir? Porque tiveste que me deixar? Porque teve o barco que te levar? Ah, vida, tu de vez em quando em vez de rosas, gostas de espinhos nos ofertar… Ah, dor excruciante, saudade constante, dá-me descanso para de tudo que me sufoca libertar e poder viver… Se a vida nos sorrisse sempre, e o mar não tivesse ondulação, tu meu amor nunca irias a lado algum, ficarias sempre juntinho de mim e pertinho do meu coração.

Mas partiste, assim estava destinado, e eu fiquei aqui, do outro lado, com o oceano a separar-nos. Continuava ali no cais, mas decidi descer á praia, pois não queria ir para casa, não queria sair dali… Levantei a minha saia, e sentei-me na areia molhada, por fim acabei deitada, o cansaço tinha tomado conta de mim. As ondas do mar com sua branca espuma, vieram-me cobrir… Senti-me segura, tinha quem olhasse por mim. Olhei o firmamento, e vi milhões de luzeiros a luzir cintilantes, pareciam pequenos diamantes, mas eu sabia que eram centelhas divinas que iluminam a terra, quando o dia termina. Cerrei meus olhos, e pedi a Deus para sonhar contigo, e teu beijo e teu abraço sentir, e ficarmos ali juntinhos, sem teres que de mim “fugir”.

O mar docemente aconchegou-me, eu sorri e agradeci, e acabei por partir para a terra dos sonhos, com a certeza de que um novo e feliz dia em breve ia surgir e a minha vida com a Graça de Deus continuaria a fluir!... E eu com fé em Deus por ti eternamente esperaria, sabendo que quando voltasses, seria para sempre e juntinho a mim e a teu filho ficarias, e felizes viveríamos nossa vida…

Maria Irene
Enviado por Maria Irene em 11/05/2022
Reeditado em 11/05/2022
Código do texto: T7513711
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