Quem sou?

 

 

Há dentro da alma profundos subterrâneos de escuridão completa.

Nas horas adultas da noite, quando o silêncio me pergunta quem sou,

empunho a lanterna fosforescente à procura de caminhos ocultos.

O vento canta sua canção mais triste e a tristeza acompanha minha busca, no sofrimento sem finalidade que me imponho.

 

É cruel caminhar dentro da alma, invadindo angústias escondidas, descobrindo covardes disfarces, dissecando gestos e intenções, ressuscitando lágrimas e cicatrizes.

 

Que se apague a lanterna,

O silêncio me basta,

Não quero saber quem sou.

 

 

 

18/10/1971

José Anunciado Arantes
Enviado por José Anunciado Arantes em 03/06/2022
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