Equação infalível.

O poema era dotado de geometria perfeita. Seu cimento agarrava em almas, papéis e corpos.

E, cada palavra como um "lego", encaixava-se de tão forma permanente que passávamos acreditar que sempre existiu o todo e, não antes, as partes.

Depois, o poema se desfaz. Em pausas, vírgulas e silêncios. E, deita no infinito com ar metafísico.

E, adentra no oxigênio e vai habitar nossos pulmões. E, continua a viver sorrateiro em nós.

Tripudiamos da rima. Esculachamos o lirismo. E, nos apiedamos dos românticos...

E, como um rio, nos transformamos em foz...

Que insistem ver afeto em tudo... no feto, no ser e na pedra.

O poema era uma equação infalível. Deduzia em ritmo os sentimentos pulsantes.

Suavizava a dor de existir, como se fosse ter saudade de partir...

Caminho traçado. Caminho percorrido. E, uma leve lembrança de ter vivido.

 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 13/06/2022
Código do texto: T7536569
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