O Beijo da morte

Há fluxos de sangue a escorrer pelo tapete

O cheiro fúnebre sobre o ar

A cor sombria da infame tragédia

A faca suja reluzente à luz negra

A voz rouca do vento atinar o terror

Os raios a cortar o céu em tempestade

Meio copo de cálice derramado a penetrar entre as frestas do chão

Um gato preto a observar atentamente os

três tocos de velas apagadas sobre a mesa

Tudo condizente com a dor e o beijo da morte.

Chove chove ininterruptamente

O grunhido tênue do rasga mortalha

a anunciar a partida da grande dama da noite princesa das trevas obscura e temida de estranha má sorte

E nas entranhas da vida o beijo da morte

Um grito sufocado no qual ninguém ouviu

afogado em tristeza e solidão arma branca empunhada a mão

Se fez valer todo fracasso e o desespero de um dia ter amado o desconhecido

Maldito seja sempre este convalecido.

Os nodosos vermes a contemplar

Aqui jaz mais um fétido cadáver humano

Não haverá complacência nem tampouco piedade

Somente o desfalecimento da carne e a agonia atormentada na alma.

*

Obs: Texto escrito há 20 anos para um concurso literário universitário. Meu primeiro texto, conquistando 2. lugar na categoria prosa poética.

Sérgio Russolini
Enviado por Sérgio Russolini em 19/06/2022
Reeditado em 19/06/2022
Código do texto: T7541319
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.