Seio da Língua

 

Terra, água, fogo e ar,

Tudo quente no seio da língua.

Café tomado em pequenos goles,

Caldo de cana, raspa-raspa.

Campos, praças, poeira e matos;

Selva da boca e beijo acanhado

 

Diante da beleza dos tejos, dos lírios,

Mastiguei versos ao masclar chicletes. 

Versos tímidos, ousados e sublimes.

Em murmúrios poéticos secretos.

 

Hoje mamei nas tetas da terra,

Cospi fogo e fui pelo mundo as falas.

Da seca dos lábios fiz meu riacho,

Desaguei do outro lado do tacho

Venci o tempo a viajar pela língua,

Sorri para vida pra lá dos mantos verdes.

 

Meus olhos sensorias se projetaram

Em partículas a arrebentarem-se

Em meio aos gramados campestres,

Onde escondo-me das cidades

De concretos caóticas e sujas.

 

Sinto os ritmos cadenciados que saem

Das minhas raízes e balançam as ondas,

As ondas que quebram os arrecifes.

Cada vez que isso acontece,

Quebram em mim segredos e cresce

A sede de voltar aos dias de criança.