Aquela boca linda

Alinhavados pela brisa no tear do tempo, os tapetes de folhas secas vão se estendendo entre os canteiros do jardim. O verde de alguma folhagem restante sorri esperanças nos caules desnudos, como que cuidando de um berçário preparado para novas floradas.

Passeio pelas sobras da tarde e pego um pedaço de azul no céu, somente para ficar olhando o sol tingi-lo de tons amarelos e avermelhados diante da noite que vem soprando estrelas. E o crepúsculo então se faz e fica como se fosse uma lareira se apagando lentamente.

As ruas contam histórias pelos silêncios entranhados nas paredes e nas janelas das casas enfileiradas. O tempo vai cunhando momentos e os separa paralelamente em esquecimentos e recordações.

Sigo pelas canções desarrumadas que o olhar dela me pedia e que a gente ouvia rindo à toa, mesmo, às vezes, com o amor feito às pressas, mas com muito amor.

Gosto das tardes outonais que caem amarelecidas pelas esquinas das poesias. Recito-as em saudades dela, pelas frases e beijos desabrochados daquela boca linda.

Takinho
Enviado por Takinho em 07/07/2022
Reeditado em 29/12/2023
Código do texto: T7554484
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