Um Mundo

Mergulhou fundo, de cabeça e algum mundo. Em algum lugar havia dança, havia música, haviam corpos, mas ele não estava lá. Então foi descendo, descendo e descendo, chegando cada vez mais no fundo encontrava mais música, mais dança e muito mais corpos que se confundiam, tornavam-se um na pele e vários na alma.

Eram corpos jovens desgastados, cansados, vividos. Corpos em busca, pela mesma busca daquele algo que nunca foi esquecido. Corpos que procuravam o sentido, a compreensão daquele algo obscuro e desconhecido que certa vez tinham ouvido falar, há muito tempo.

A busca passou a ficar em segundo plano, subentendida e até mesmo esquecida. Para aqueles que lembravam, não passava de uma lenda, um mito, um boato de uma alma ingênua.

Os corpos dançavam e se encontravam na escuridão, tudo era perfeito, todos eram tudo, esse tudo não era nada. Eram gemidos, eram lágrimas, eram solidão. Eram o boato desenfreado, eram o mito revivido, era lenda contada várias vezes.

Gemidos viraram sussurros de corpos perdidos num caminho de cabeça para baixo, poros tampados, sensações condicionadas a plenitude, a falsa plenitude.

Uma história que nada tinha a ver com moral ou ética, uma história que seguia apenas um caminho de busca. Contando como os primeiros passos se perdem na estrada errada. Esses corpos não falam mais de suas buscas, apenas buscam, a velha segurança naquele sentimento tão conhecido e tão complexo.

Corpos que anseiam por amor dentro de suas almas que morrem pouco a pouco a cada instante perdido na treva do autoconhecimento. Um preço alto pago pelas sensações e pelo corpo.

Lá ele não encontrou, e como muitos outros ele não voltou. Apesar de podre esse mundo era belo, e ainda havia em algum lugar dele alguma esperança. A música e a dança era apenas uma maneira de gritar desesperadamente que estavam ali, que buscavam alguma coisa.

Mas era mais fácil virar a cara, criar histórias, deturpar sentimentos. Dar a mão enojava, o simples contato ocular era como um crime. E sendo assim desse modo cada qual ficou onde "deveria" estar. E o amor continuou lá, onde ninguém lembra onde está.

Vinicius Garcia Pires
Enviado por Vinicius Garcia Pires em 29/11/2007
Reeditado em 09/07/2008
Código do texto: T757262
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