Alarido Silábico 

 

Risos fartos rasgam a cara da verdade,

Olhos arregalam-se diante da incredulidade,

Corpos cansados ousam silenciar a palavra.

Mas um alarido silábico o ato da fala lavra.

 

O vento eleva o tom em brados campos

O ventre se contorce entre ditos e não ditos,

Mastiga-se a língua e fere-se os ouvidos.

Aqui do alto assisto o espetáculo e sinto.

 

Os olhos da coruja tudo ver e acorda a sina,

Num bailado louco, solta-se a voz sem rima.

A escrever no chão palavras frias sem nexo,

Vão-se os escritos a registrar o complexo. 

 

Os autos passam e apagam os sentidos,

O crepúsculo abre o alfalto cru em choros

Pessoas passam frenéticas por terem pressa

O relógio da algibeira dispara e impressa.