Infinitamente

Infinitamente

Tantas vezes meu olhar parava na imensidão do nada, como se o corpo repousasse, mas eu de verdade não estava ali, por tantas vezes me arranquei da vida que eu tinha, para mergulhar de cabeça na vida que sonhei um dia...

Foram tantas vezes que me aprofundei nessa imensidão de utopias, que me sentia tentada a não mais regressar, era como se eu me reencontrasse, depois de tanto tempo perdida,

ali com a alma carregada de bagagens, embriagada em minhas memórias, eu tinha vida de verdade

E cada vez que meus olhos se perdiam numa viagem de pensamentos, sentia o doce sabor daquele momento, a me convidar mergulhar mais fundo, na fluidez desse meu mundo

A alma ganhava vida, como uma criança de pés descalços a correr pelas ruas e vilas, sem o peso das responsabilidades das pessoas crescidas

E cada vez que eu volto, eu sinto saudades,

quero novamente voltar, parar meu olhar num ponto qualquer, e deixar minha alma novamente viajar, para esse meu mundo particular, que eu criei, para não mais me calar,

... meu mundo de possibilidades

que me permite sonhar, onde os versos são mais leves, onde todas as emoções não precisam entre si brigar, onde minha essência flui sem uso de palavras, onde sou livre no sentir, livre em simplesmente existir, posso ouvir o soar de arpas, posso tocar o céu, posso mergulhar no meu mar, meu infinito particular

Basta apenas olhar para o nada, no retrospecto das minhas pegadas, para ter milhões de estrelas que brilham cadentes em forma de pensamentos no céu da minha infinita-mente.