Roça de toco

Roça de toco - Marta Souza

Rusticidade, o lema da roça de toco,

No passado, bem comum em Goiás.

Trabalho braçal, com poucos recursos,

Poucas ferramentas e muita disposição.

Cultivavam a terra com bravura

De onde tiravam o sustento familiar,

Foi um bravo marco na agricultura.

Os roceiros colocavam as sementes

Sob a palhada entre as coivaras.

O arroz a principal cultura, e nas leiras

Melancia, abobora, banana quiabo...

Por vezes, rostos sombrios e cansados

Mas, com ternura e respeito pela terra

Com prósperos ensejos depositados.

Ao longe se ouvia um assovio.

Era alguém trazendo a comida.

No caldeirão, arroz com suã, feijão,

Quiabo com abóbora e mandioca cozida.

Tudo produzido ali, na roça de toco.

Pança cheia, um gole de água da cabaça

Um breve cochilo, quilinho do almoço.

Ainda hoje, persistem muitos roceiros

São poetas que escrevem suas sagas

Com suor, hombridade e boas ações

Dividindo grãos, que logo serão lançadas.

O nobre traço dessa cultura é a gratidão.

Assoviam à Deus, à vida e a natureza

São versos escritos com suas enxadas.

Nesse momento saudosista

Parece que ouço o som da matraca

Ao depositar na terra cada semente.

Sinto o cheiro do arroz na palha

Da melancia amarela, partida

Doces recordações poetizadas.

São minudencias, poesias da vida!

Marta Souza
Enviado por Marta Souza em 08/09/2022
Código do texto: T7601117
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