Porteiras

 

Abri as porteiras das minhas lembranças e deixei que passassem feito manadas, para encontrar, em outros campos, fartura de pastagens que precisam para que se mantenham nutridas.

Todo caminhante sabe que o vento nem sempre vem na direção que se vai, mas o esforço para continuar no rumo é recompensado pela satisfação de chegar onde se planejou, e só depois ele resolve se vai pousar ou continuar o percurso até encontrar o lugar que sirva de abrigo para a construção de novas memórias.

Ao longo das estradas deparei-me com poeira, lamaçal e atoleiros, assim como porteiras fechadas, condicionando-me como viajante a tirar-lhes as travas, abri-las e, logo que a ultrapassei,  voltei para mantê-las como as encontrei.

E assim sigo na vida, por estradas tão longas quanto a extensão dos meus sonhos, cada uma com porteiras que se abrem para a realização dos objetivos almejados.

 

Iêda Chaves Freitas

30.09.2022