Espiei o passado

Ontem espiei o passado

Andei por ruas , antigas conhecidas.

Olhei a velha casa, tão diferente agora.

Pelos vãos de um gradil espie o quintal

Está vazio, só concreto.

Não tem mais o boldo, o pé de romã, a pitangueira, o caramanchão de maracujá.

Não tem o cheiro da terra

Não tem a Diana correndo e latindo.

Não tem a menina que balançava querendo tocar o céu com seus sonhos

Não tem aquele antigo amor.

Na calçada a pitangueira que a menina plantou a quatro mãos

Ouvi os sussuros das lembranças, dos risos

Os choros sempre foram silenciosos e escondidos

Fui embora acreditando que o passado ficaria lá, na casa, na calçada, na pitangueira

Mas às sombras me seguiram

Estou lendo um livro e meus pensamentos voltaram àquele que não existe mais.