CONSTATAÇÃO
Nas madrugadas vazias, percebo um barulho cada vez mais alto no meu interior.
Ora parece com o “tic-tac” da contagem do tempo, ora com o imaginário ruído da areia correndo de um para outro compartimento da ampulheta, símbolo perfeito do fluir da vida.
Outras vezes são sons de passos que se aproximam e que me alcançarão. Passos firmes e constantes; passos da morte vindo em minha direção.
Incrédulo constato que toda essa barulheira, sempre relacionada ao tempo, só me chegam aos ouvidos por conta do meu silêncio interior sobre o amor que sinto, mas não consigo ecoar fora de mim.
Minhas madrugadas vazias são tristes.