Águia.

Quanto mais fito os olhos da águia, mais aumenta a minha necessidade de tocar o infinito.

A impressão que causa é a de que tudo pode ser alcançado, conhecido. É um tipo único de olhar que denota extensão, precisão, certeza.

Quando esse pensamento me assalta, começo a elencar tudo o que parece intangível e distante em minha vida. O que poderia ser tão intocável assim? A volta à infância? O ar puro da minha terra natal? Então, eu me lembro da contagem regressiva do número de verdadeiros amigos, e começo a contá-los. Não uso mais do que uma das mãos. Conhecidos e bons colegas? Com certeza passam de milhares ao longo da vida.

Olho de novo para os olhos da águia, e sinto como se estivessem reprovando algo em meu pensamento. Olho mais uma vez e percebo que há um sorriso neles, mas na maioria das vezes, causam uma impressão de questionamento. É engraçado, mas é como se a águia me fizesse uma pergunta que eu não soubesse responder. Chega a ser enigmático. E ela fica ali, parada, olhando para mim com ar de juíza. Nunca consegui decifrar este enigma que me persegue desde a infância. É provável que tenha sido ela que moldou esse meu jeito de querer conquistar estrelas, com a permissão de Deus, é claro!

E assim, desvio meu olhar dos olhos dela e passo a admirar seu vôo.

Você já reparou no vôo de uma águia? Se reparou, deve ter ouvido a música do universo, cujo ritmo e sons só podem ser percebidos pela alma. Nisso, me vem um pensamento importante: a águia devora outros animais! Bom, nesse caso eu sou igual a ela porque também devoro vacas, frangos, peixes, entre outros animais. Não vejo grandes diferenças entre mim e a águia. Eu só lamento não poder voar, mas quando eu penso nisso, fecho os olhos...e aí...o mundo fica pequeno demais para mim e para ela.

No meu pensamento eu também posso voar...e talvez, no pensamento dela, ela também possa escrever...melhor do que eu".

Geraldo Guidoti.

Geraldo Guidoti
Enviado por Geraldo Guidoti em 04/12/2007
Código do texto: T764474