EMBARALHADO

Passatempo, o tempo passa.

Ele é passageiro, passa ligeiro.

O tempo é um pássaro que passa veloz em voos rasantes.

Não o espere, ele nunca volta, não como antes.

O tempo tem pressa, a pressa tem o seu preço.

De tanto correr atrás do futuro

nos esquecemos do presente, ele é efêmero.

O passado é escuro, se esconde por detrás do muro.

Devemos cuidar do agora, com esmero.

Já dormi o sono dos justos, agora estou acordado.

Tudo nesta vida tem o seu custo,

para viver é preciso cuidado.

Nasci na periferia de onde sai um dia.

Sou um caipira urbano com fé no Divino,

sem duvidar do Profano.

Não sou melhor e nem pior que ninguém.

Venci na vida, na força bruta, quem trabalha sempre tem,

eu sou o cara, um cara batuta.

Empinei pipas e capuchetas,

mas nunca fui bom de bola.

Já sorri bastante e fiz muitas caretas.

Nos estudos a média era na base da xepa, sem nunca recorrer à cola.

Bem sei, é verdade, nunca fui galã,

nem sofri por amar, à toa, tinha lá algumas fãs.

Quanto ao não sofrer por amor, eita mentira boa.

Sou um privilegiado, nunca passei fome.

Já comi de tudo, jilò, içá e quiabo,

nunca sujei o meu nome.

Comi até o pão amassado pelo diabo.

Ouço canções que já não tocam mais,

Ainda leio as notícias impressas em jornais.

Pelo computador é pouco, é só manchete

Prefiro ler no papel do que na internet.

Adoro olhar retratos em preto e branco.

Ainda troco cheques no banco.

Sinto saudade de nem bem sei o que é direito.

Tenho algumas qualidades, e infinitos defeitos

Escrevo cartas de amor, tem muita história.

As envio em um lugar seguro, dentro do envelope da memória.

Gosto de ler, nem bula eu dispenso.

Leio, logo penso, leio de tudo e até poemas,

Não empresto meus livros, pois para voltarem,

só nos causam problemas.

Não fumo cigarro, gosto de vinho e de cerveja, detesto destilado,

Tempero com pouco sal, tudo bem balanceado.

Não duvidem, nunca tracei um baseado.

Conheci muita gente, de certo.

Venero os amigos, de verdade, não tenho desafeto,

sei que de todos tenho muita saudade.

Não sou tão jovem, nem tão velho,

Ainda tenho um saldo.

Sou como o tablete da sopa,

se me jogarem água quente ainda dou um bom caldo.

Samuel De Leonardo (Tute)
Enviado por Samuel De Leonardo (Tute) em 22/11/2022
Reeditado em 07/12/2022
Código do texto: T7655653
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