PROSA DO AMOR MAL-CUIDADO

Em minha vaga e delitiva memória – osso sem colágeno

Ardem horas em machados de prata a ceifar o tom

Harmônico e viciado dom, que o pêlo infecciona e inflama

Como dor sob o braseiro da luxúria, regra da alma em lamúria.

Em meus percalços engodados; todos, luzes e lepidópteros

Razão áptera em consangüinidade extrema – meu ‘eu’

Paixão apetitosa e raspa dum tórrido dilema: outro tema

Na veia, a chama ou o lume cravado, em átimo se esvai.

A aresta do verso, o rasgo acético pelo rancor causado – controverso

Partamos à riba doce e rala dessa relação (maças enrubescem)

Lata fria a conter o líquido da voz liquidada, em demasia ilhada

Por falsas taquicardias da mente, sopro ausente.

Quer aleitar o amor com verso

Quer alimentar o verso com amor... sem êxito!

O faro sopra quando acende o farol no atol

Ao coro da vela que ascende no mastro.

Em casa, lânguida e deteriorada veste amarelece; ama e reconhece

No cume do acúleo cego, surdo e em constante migração

Arte que emana pelo resto da nação – barco arfando e multidão

Não cabem mais no peito, nem sabem mais do que são.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 05/12/2007
Reeditado em 24/04/2008
Código do texto: T765950
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