PROSA DO AMOR MAL-CUIDADO
Em minha vaga e delitiva memória – osso sem colágeno
Ardem horas em machados de prata a ceifar o tom
Harmônico e viciado dom, que o pêlo infecciona e inflama
Como dor sob o braseiro da luxúria, regra da alma em lamúria.
Em meus percalços engodados; todos, luzes e lepidópteros
Razão áptera em consangüinidade extrema – meu ‘eu’
Paixão apetitosa e raspa dum tórrido dilema: outro tema
Na veia, a chama ou o lume cravado, em átimo se esvai.
A aresta do verso, o rasgo acético pelo rancor causado – controverso
Partamos à riba doce e rala dessa relação (maças enrubescem)
Lata fria a conter o líquido da voz liquidada, em demasia ilhada
Por falsas taquicardias da mente, sopro ausente.
Quer aleitar o amor com verso
Quer alimentar o verso com amor... sem êxito!
O faro sopra quando acende o farol no atol
Ao coro da vela que ascende no mastro.
Em casa, lânguida e deteriorada veste amarelece; ama e reconhece
No cume do acúleo cego, surdo e em constante migração
Arte que emana pelo resto da nação – barco arfando e multidão
Não cabem mais no peito, nem sabem mais do que são.