As fofoqueiras

Na cidade onde vivi toda a minha juventude e conhecida como "A Veneza brasileira", como também com os seus arrecifes que lhe deram o nome de Recife, existia na viela da rua onde com os meus avós morei por detrás da maternidade e bem pertinho da igreja de Belém de denominação católica como realmente eram quase todas naquele pacato tempo na realidade e, diagonalmente da gente, portanto no outro lado da rua Domingos Bastos, moravam duas irmãs que nunca se casaram descendentes de portugueses açorianos que ao Brasil imigraram e tristemente ambos eram analfabetos trazidos pelos seus pais e feirantes, mas não os conheci pois aos Açores retornaram e os seus pais faleceram num em São Paulo, foram ambos por um ônibus atropelados e portanto quando vos conheci viviam sós e tínham o costume de fofocarem e no muro olharem quem naquela viela estava a passar e até do padre falavam sem hesitar. Passavam grande parte da tarde assim e quando batia cinco horas ambas entravam para prepararem o seu jantar e ligar a televisão para acompanharem as novelas que assistiam até tarde. Nunca perderam nenhuma missa pois íam mesmo quando estavam gripadas mas, por serem grandes fofoqueiras não tínham amigas por possuírem línguas ferinas e realmente de todos falarem.

Silvio Parise
Enviado por Silvio Parise em 04/12/2022
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