Vitrine
Meu coração não é espaço público.
Minha alma está sempre entre apuros.
Eu luto, luto e a guerra não acaba.
Porque o pivôr está em mim.
Metade de mim é a liberdade em fúria.
em rumo, em norte.
A outra metade é água fluída e transparente.
Uma parte é pura e corrente.
A outra parte tem gosto, tem cheiro, tem cor, é gente.
Porém o que assusta
São os olhares que flexam-me.
Sem dor, sem pudor, sem piedade.
E pesam sobre mim o julgo de ser diferente.
Como se não fosse gente,
Como se não sentisse.
Não visse.
Não ouvisse..
Ou como se fosse apenas uma vitrine para lançar-me pedras.