QUEM SABE UM DIA, ALEGRIA
Poderá um dia a nossa alegria tocar o infinito?
quem sabe um dia alegria
as vezes te vejo tão distante
ao longe como aquela onda lá ó...
que só quebra antes de chegar aqui na praia
as vezes tu te equilibra encima da crista
e eu tento te seguir... só que nunca te alcanço
Agora eu estou aqui, não estou?
não basta apenas uma prancha
para me alcançar
é preciso tornar-se golfinho
mergulhar em águas profundas e aí saltar
e regozijar-se com a vertigem de um giro súbito, e aí saltar mais alto
maravilhando-se com as peripécias
que se faz somente para si mesmo
e aí saltitar e pulular mais uma vez e outra
até que os observadores se cansem
de contar os teus passos
e vivam suas próprias histórias
Se a alegria não é maior que o infinito, de que vale o nosso sorriso aqui na terra?
de que vale essa nossa alegria passageira então?
o que fazer com todos esses sentimentos que mal cabem em retratos?
ainda somos as cinzas
de um amanhã que nunca chega
um sonhar que se nega ao despertar
para além do vale das sombras
repousa a felicidade eterna
em algum pequeno recanto
em um olho d'água qualquer
e adiante no mesmo rio onde correm as lágrimas se banha a alegria
doce alegria, sempre levada pelas correntes do pranto...
e quando ela canta, só o coração surdo é quem lhe acompanha em suas desventuras
mas apesar de tudo ela sempre volta
sempre...
contra todas as nossas expectativas
ela vence a correnteza
sempre ao lado dos vivos
a cada piracema.