Invisível

Ela sabia ser invisível. Aprendeu muito cedo que as pessoas têm muito a se preocupar para ser mais um problema para quem ama.

 

Sempre foi aquela que não chamava atenção. Quietinha, não reclama, não exige nada. Um verdadeiro modelo de anonimato.

 

Sabia se calar, aceitar o que a vida tinha a oferecer sem reclamar - não que ela não reclamasse, mas fazia tudo isso dentro de si, não queria ser ingrata com o que recebia.

 

Todos se orgulhavam do jeito dela. Sabiam que ela não causaria problemas, sempre aceitaria tudo o que lhe oferecessem sorrindo.

 

A multidão a sua volta passava apressada e preocupada demais para notar que ela sentia frio.

 

Como sempre fazia, gritava dentro de si mesma que só queria ser notada, ser priorizada, mas sabia que o melhor era continuar como estava, as pessoas já tinham motivos demais para se preocupar, coisas demais para cuidar.

 

Se consolava dizendo que cada um precisava cuidar dos próprios demônios, que o que ela queria exigia demais de quem a rodeava, que o melhor era continuar como estava: invisível, calada, cansada.

 

Não queria chamar atenção.

Não queria causar problemas.

Não queria nada...

Nada além de ser invisível.

Karoliny Mesquita
Enviado por Karoliny Mesquita em 25/01/2023
Reeditado em 11/02/2023
Código do texto: T7703396
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