MUTANTE
Sou tantos
Tantos pais, amigos, filhos, animais e plantas.
Também sou vento, brisa e tempestade.
Cabe tanta coisa em mim.
Tantos sonhos, medos, tristezas e alegrias. Esperanças
Sentimentos do mundo
Ainda sou aquele menino, o velho, o jovem, a criança.
Também sou mulher, a jovem, a mãe a anciã.
Os arroubos da juventude
Os vícios, as virtudes
A loucura
A maturidade
Cabe tudo em mim
Tenho alguns pseudônimos/ heterônimos, como Marcos Xamã, Marcos Alves ou Marquinhos Leal. Às vezes não sou um, mas muitos. É que é tanta coisa pra sentir e dizer que preciso me dividir. Às vezes nem eu mesmo me reconheço.
Deve ser o preço de engravidar de palavras e sonhos.
Se esbarrarem com um deles por aí e não me reconhecerem, não faz mal.
Às vezes nem me sinto
Nem me toco
Nem me vejo
Na velha foto
No espelho
Nos velhos textos
No jeito de caminhar
Mas sou eu.
Sempre diferente, mas sou eu.