Uma saudade bate forte no peito,

uma espécie de nostalgia.

 

Me vejo pensativa, num limbo,

num vazio, num espaço oco

entre um lugar e lugar nenhum.

 

A impressão

é daquele momento

que antecede uma tempestade.

 

Quando o céu para,

as nuvens ficam escuras,

suspensas, em espera.

 

Aquele momento em que o vento paralisa

e você sente que o ar fica diferente,

como se tivesse pó ou areia dentro dele

e você não sabe mais respirar.

 

Um silêncio se faz

na janela do tempo profundo

e você sabe que algo não está igual,

embora não saiba o que... 

 

Então, de repente, trovões ribombam,

relâmpagos caem na terra

e o céu desaba numa tempestade infernal.

 

É assim...

 

Parece que o tempo parou.

O tempo das horas, dos dias, dos meses, dos anos.

Mas tenho a impressão que parou no passado,

em algum momento lá atrás...

 

Ou, que se dividiu em duas partes.

Uma que me faz viver um passado que já vivi

e me foi muito dolorido.

Outra, que me faz viver no presente

e me enche de felicidades.

 

Quero viver o presente. 

É ele que me cabe viver agora.

O passado já passou, paira no ontem

o futuro não existe ainda. 

 

Mas, talvez

esteja revivendo o passado. 

 

Se for...

 

Não acho justo

precisar viver duas vezes

a mesma dor...

 

Não acho justo,

nem pra mim,

nem pra ninguém.

 

Acho que seria mais fácil

fazer o tempo parar

e eu ficar assim:

inerte, parada,

sem sentir nada,

até o passado passar,

e o presente chegar,

outra vez!