O surgimento da geração de moscas tristes

30 minutos de vida.

Um certo tipo de mosquito tem isso de tempo.

Não me pergunte a espécie deles , perdi meus livros de biologia rápido demais.

1.800 segundos para nascer, crescer, acasalar e morrer - deixando descendentes férteis .

Não se assuste, e a realidade deles.

*

Uma tarde comum,

demasiadamente quente

para um paulistano na região norte

numa época em que o aquecimento global

matava pouca gente.

Os mosquitos adultos saem a caça.

Um termo bacaca , que estranhamente é socialmente aceito por eles.

O mosquito está cansado.

Por algum motivo sua alma está decorada.

Ele não se importa tanto com a vida.

São mais 20 minutos

E apenas isso.

A consciência da morte não o apavora ou espanta.

Ele está desanimado, um desânimo que pode acabar com sua vida e vai.

Ele permanece parado.

Voando parado, conceito estranho para quem não tem asas.

Vê seus parentes e amigos flertando.

Não tem paciência pra isso.

Queria que fossem só mais 5 minutos.

Ele divaga devagar.

Até que escuta uma voz.

Estranha, mas interessante.

- O que é tão maçante?

Uma garota mosquito.

Não mosquita.

Não, mosquita?

Aquela contemplação a ganhou

Os olhos perdidos

Achados naquela tarde quente

O mosquito foi caçado

E fez coisas que não imaginava

nos seus 10 minutos finais de vida.

E foi assim que nasceu uma geração

de tristes mosquitos

que vivem de contemplações tristonhas.

N.V - 01/23 - Palmas, TO.

LizaBennet
Enviado por LizaBennet em 07/02/2023
Reeditado em 08/02/2023
Código do texto: T7714091
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