Hoje eu morri

Há decisões que tomamos que são tão difíceis que levam uma parte de nós. Hoje eu morri, morri uma morte que eu mesma causei. Nunca pensei que morrer doesse tanto.

 

É como se a nossa alma e alegria fossem arrancadas de uma só vez, só restando a carcaça. Morrer em vida é a pior forma de morrer que existe, você perde a esperança, a perspectiva, sonhos e planos. Perde absolutamente tudo.

 

Você ainda continua respirando, mas seu corpo fica no automático, não reage mais de forma normal. Você perde a motivação e a vontade de fazer tudo o que antes te dava prazer, cumpre suas responsabilidades porque é obrigada. Você começa a se mascarar para as pessoas ao seu redor. Finge que tudo está bem, mas não está.

 

Há tantas formas de morrer, mas acabamos nos limitando a pensar na morte tradicional, aquela em que precisamos velar e enterrar o ente querido. Mas nem toda a morte acontece dessa forma, eu, por exemplo, estou morta, mas estou aqui escrevendo, acredite em mim.

 

Eu nunca senti tanta dor na vida. Quem me dera fosse uma dor física. Só queria gritar até perder a voz e quebrar todos os pratos e copos de casa para ver se a dor ameniza.

 

Queria poder me jogar de um penhasco só para sentir o frio na barriga e depois ser puxada pela corda quando estivesse prestes a encostar no chão. Eu só queria acordar desse pesadelo que estou e saber que está tudo bem, que só há alegria na minha vida.

 

Por que a vida é tão cruel e injusta? Por que ela tira tudo de mim, inclusive a minha força? Queria tanto ser mais forte, queria tanto que tudo fosse diferente, queria tanto fugir de mim, queria tanto tantas coisas que nem sei colocar em palavras.

 

Me perguntei diversas vezes quantas vezes uma pessoa é capaz de morrer, essa pergunta sempre vem à minha cabeça quando morro. Já morri tantas vezes ao longo da vida que até perdi as contas. Minha alma grita em agonia, um grito angustiante e desesperado, um grito de quem pede socorro ao se afundar cada vez mais dentro de si e do abismo que consome o seu interior.

 

Não tenho mais energia para brigar comigo mesma, não tenho mais força para remar contra a maré, não tenho mais vontade de continuar nadando. Só quero ficar parada, estática, vendo a vida passar. Não tenho mais motivos para sorrir, nem para viver.

 

Você venceu! A sobrevida me espera dia após dia até Deus sabe quando.

Karoliny Mesquita
Enviado por Karoliny Mesquita em 10/02/2023
Reeditado em 11/02/2023
Código do texto: T7715772
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