Oxalá!.

 

Eu sou aquele livro aberto, de páginas pelo tempo puídas…

Sentindo a falta de quem leia-me e compreenda as entrelinhas do meu conteúdo.

 

Nem tantos corações frequentaram-me os capítulos, 

Nem tantos olhos leram, sequer, meu exórdio…

Nem tantas lágrimas fiz de algum leitor, em mim precipitar e aos poucos juntar-se ao tempo de amarelar-me…

 

Eu sou aquele livro cheio de histórias inacabadas, de frequentes reticências…

De inaudíveis e mas gritantes exclamações!

E o meu cerne sempre implícito em leituras rasas e quase sempre incompreendido… 

Então, o marcador fixa-se no capítulo dos ciúmes febris, o suspense odioso da obra…

 

Eu sou um livro aberto de variáveis crônicas, de um pífio e taciturno cotidiano… 

Um livro aberto, cujo epílogo traz no ápice os degradantes efeitos da solidão… 

Incrível! Mas a capa é só alegria, ainda bem!

 

Eu sou um livro aberto de maravilhosas memórias, mas perdido numa imensa estante de incontáveis outros velhos “best sellers”, no esvaziado setor dos ultrapassados protagonismos românticos…

 

Eu sou um livro, agora fechado, à espera de alguém, que ao virar minhas páginas se debruce em momentos de felicidade… 

E só assim, nos milagres dos recomeços, poderei, quem sabe, ser revisado e ressurgir numa nova edição?

Tudo há, mais cedo ou mais tarde, de ser reiniciado…

Ou talvez bastasse que alguém, amiúde, ouse em mim, afetuosas releituras…