No meio do caminho II

Abra os olhos, moribundo.

vê que não há teu nome

em nada que tu fazes.

Teu espelho é o mundo

e a janela é quem olha

para a avenida apagada

que chamavas de felicidade.

Os acenos replicados

são sinais do lusco-fusco

onde perdeste a si mesmo.

Já não sabes escrever

e conjugas sem pensar,

pois não há conteúdo

em tuas retinas fatigadas.

Tens milhares de afazeres

e de nada te ocupas.

Tens milhares de feridas

que ainda não sangraram.

Tens a dor de um lamento

escondido sob a alma

onde canta teu passado.

Eduardo Becher
Enviado por Eduardo Becher em 19/02/2023
Reeditado em 19/02/2023
Código do texto: T7723245
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