Envelhecidas tristezas!...

Só agora que me alistei efetivamente entre eles, os idosos, começo a entender sua tristíssima tendência de aceitarem forçosa, gradual e conformadamente a imposta solidão no âmbito familiar; ou de então emudecerem ainda mais tristemente a maior parte do tempo, e nas poucas vezes que venham a falar, quase gritem para serem ouvidos em seus amedrontados pleitos pessoais...

...Quando isso quase sempre ocorre, disso não tenho mais dúvidas! nem tanto pela natural surdez progressiva das suas idades longevas, mas pelo triste fato dos seus filhos e demais jovens e adolescentes não lhes darem mais ouvidos e consideração humana, nem os enxergarem familiar e comunitariamente.

Seria modernamente natural isso de nós, os idosos, sermos tratados cada vez mais familiar e socialmente como invisíveis, aos olhos e entendimento de quase todos os demais seres viventes que nasceram depois da gente?

Pessoalmente, não posso concordar com tanto descaso, desrespeito e desamor pelos seres humanos avançados em idade...

...Até mesmo porque muitos desses maltratados e desrespeitados chefes de família idosos, concordantes ou até mesmo circunstancialmente contrariados, seja por amor, compaixão ou em mera obediência aos bons instintos de humanidade, comumente aplicam seus parcos benefícios sociais tão dificilmente alcançados no continuado sustento e apoio financeiro e educacional a tantos filhos maduros já em idade, mas ainda irresponsáveis e imaturos, enquanto temperalmente embrutecidos e desumanamente egocêntricos e egoístas.

E então, cadê o poeticamente decantado amor familiar?!?...

Armeniz Müller.

...O arrazoador poético.