Milho aos pombos

Soa a campainha, quem poderia ser a esta hora? Levanto sonolento empurrado por alguma força que desconheço e não vejo ninguém,

Talvez ninguém me veja também,

Sempre na mesma hora sento na praça central e dou milho aos pombos, deve ser este meu primeiro sinal de velhice constatada,

Veja bem não estou mais preocupado com o tempo, sei que o que me resta e exatamente o suficiente, sinto que minhas provas de vida se esgotaram em algum ano que não percebi,

Essa seriedade velha e oxidada já não me serve, prefiro esses papos assustadoramente furados e cheios de mentiras e algumas verdades escondidas nas entrelinhas,

Volto pra casa mais estranhamente não me sinto parte dela, soa a campainha abro a porta e não vejo ninguém,

Talvez ninguém me veja também...

Diego Tomasco
Enviado por Diego Tomasco em 15/03/2023
Reeditado em 15/04/2023
Código do texto: T7741122
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