São os segredos que a vida nos entrega

com a conquista da sabedoria.

Degustar o sabor do tempo

sem olhar para os ponteiros do relógio.

 

Dar milho aos pombos na madrugada insone

ou na mesma hora do dia

e entender o momento como dádiva de um tempo

que pode, no minuto seguinte, sua hora findar.

Por isso, a urgência em dele, como néctar, sugar.

 

Há tempos alimento um pássaro com palavras.

Se há fome ele sabe: vem ao pote -

translúcido e revestido de amor -

em busca do alimento -  grãos e sementes vai encontrar.

 

É que também prefiro,

às superficialidades oxidadas do mundo,

esses diálogos profundos e desconhecidos

que a cada dia emergem e entregam

feito grãos de cevada, gergelim e trigo

- das entrelinhas não ditas -

uma outra de mim...

 

Por isso, sou eu o grão que transborda do pote

em meio à floresta de líquens -

no momento mais sublime do encontro de luzes.

Sou também a água que escorre

pela campânula enrubescida de ânsias

e dá de beber ao bico sedento

de Vivaldis, Bach e Piotr Tchaikovski.

 

A flor sem ocasos - Rosa Dourada -

que sabe alimentar passarinhos

e amaina sua brisa em seu bico de procuras

enquanto rumoreja o vento desenhando epígrafes

para o frontispício do amor e da paixão

que move a vida pela janela do tempo que temos

e faz deste instante, desse momento

- em que nossos olhos se contemplam em reciprocidade -

a melodia perpétua de nossa eternidade de amor.

 

Sou a poesia que te veste a alma,

o alimento diário na mesa dos sozinhos,

a voz que clama em meio as areias perdidas de nossos desertos.

Sou eu a lágrima que aquece tuas águas em nossos outonos de luz

e faz rejuvenescer a alma ancestral

glorificando o amor que se amplia à nossa felicidade!

 

Ame! E deixa-te ser amado!