Espelho embassado
Do amor sobrou apenas
A porta entreaberta
Num quarto barato
Que sequer foi pago...
A garrafa de vinho vazia
Entornada sobre a cama
Faziam parte da cena...
Os lençóis desalinhados e vermelhos,
O cheiro de amor misturado
Ao sabonete barato,
As taças quebradas no chão,
Em tantos pedaços possíveis,
Retratavam nossos corações;
O espelho velho e enferrujado,
Ficou ainda mais embassado
Pela água que insistia em cair,
Do chuveiro prestes a explodir;
Levava pelo ralo tudo o que foi
Tudo o que podia ser;
Não o amor...
Mas a dor,
A doença que nele existia
Helô Silva