Lágrimas de um poeta

O poeta derrama as suas lágrimas numa folha de papel.

Quando as enfermidades do amor lhe atingem o coração.

E ele constata um distanciamento gradual e dorido.

Que o maltrata pouco a pouco, sem ele perceber.

E o magoa, lenta e profundamente.

Quando um homem ama uma mulher,

Ele a ama até o fim.

Não enxerga os seus defeitos.

Não tenta molda-la.

O homem não se cansa da mulher

O homem que ama quer estar sempre junto.

E sempre exibe a mulher com orgulho.

Nunca como um troféu.

Ela é sempre a sua mulher.

Não a sua empregada, cozinheira, prostituta...

Ela é a sua amada, amiga, companheira, confidente...

Ela é a sua vida

A mulher faz do homem o seu tudo.

Ele tem que ser e fazer tudo.

Tudo o que ela desejar.

Possível ou não.

Lícito ou não.

Ele é o seu amante, guarda costas, advogado, procurador, patrocinador, e as vezes, o seu bandido, o que limpa a cena do crime.

A mulher ama o homem apaixonadamente.

Mas não para sempre.

Ela se cansa (muitas vezes, com razão).

Quando ele deixa de atender as suas expectativas.

Cada cada vez que ele a decepciona.

Cada vez que é preciso perdoa-lo.

Isso o poeta sabe de observar,

Quando não, sabe de vivenciar.

O poeta sente o peito doer,

E coração latejar.

E teme mexer na ferida.

O poeta desenha uma porta

Mas não põe a fechadura.

E sabe que o amor não aprisiona.

O que aprisiona é uma relação que não está mais baseada no amor.

O poeta derrama as suas lágrimas

numa folha de papel,

tentando achar o fim

de um página em branco,

quando as suas lágrimas se esgotarem,

uma possibilidade, ainda que remota,

de ser tudo para ela,

e ser tão somente

o ar que se respira

na vida da sua mulher.

Sua amada mulher.