segundos
À cada palavra que escrevo, me vou aos poucos, me perco. Vou indo embora, desde mundo e de minha mente, à cada palavra que coloco na folha, cada frase, me leva ao mais escondido de mim. Navego nas profundezas do meu próprio inferno, na minha própria natureza. Eu controlo.
É alívio, acalento, um abraço que recebo das palavras. É sem sentido p'ra maioria, não me importo. Vou nadando no meu vazio, correndo contra o vento, ouvindo a melodia que há em meu peito, é belo.
Por alguns segundos sou livre. Livre para respirar, voar, cantar, ser feliz. Por alguns segundos eu me entendo e consigo arrumar a bagunça. Poucos segundos, apenas isso. Poucos segundos para o êxtase que as palavras me trazem. Eu as trago. Profundamente, como se eu tivesse apenas elas, e tenho apenas ela (por alguns segundos.)
Depois elas se vão. Se perdem no céu, e as vezes encontram um coração que as recebe, e ai as palavras abraçam esse coração por alguns segundos ou horas. E ficam. E, eu escrevo de novo, e sou livre de novo, por alguns segundos.
Kevin