De que me falam as circunstâncias?

Duma carta da ex dizendo:

- Você perdeu sua filha!

E assim, estou avisado...

Tenho o lastro de meus defeitos,

do vício perdido pelo ex-trabalho.

Da vodka iminente, madrugada afora.

Dessa poesia, que nas coronárias range

ao dissipar açúcar pelo sangue.

De meu cão que ora me abraça,

noutra rosna.

Do barulho da geladeira

que não mais me incomoda.

De minha esposa que não dorme,

enquanto escrevo.

Do silêncio das orações,

qiando busco Deus e "justificativas".

Das melhores fotos de minha vida,

que se perderam...

Dos amigos fiéis do funcionalismo público, que ainda tenho contato: Coutinho, Márcio, Tadashi, Felipe,  Fernando, Mônica, Tavares, Silva, Djane Alencar, Dumas, Karina, Jorge André. 

E esse Rebello, o mais estranho!

Eis, vida que segue,

não me dizendo pra onde.

Diariamente negociamos,

numa espécie de escambo...

Ainda que assombrações e perdas,

me persigam.

Da minha afilhada que diz:

- Padim, te amo!

e de uma outra que sempre me visita

com seu filho... Meu herói!

É moço, assim a vida vai passando.

 

Niterói, 15.05.23